sábado, 4 de setembro de 2010

filmes gueis

retorno aos posts. fiquei à mercê de projetos outros, mas recentes filmes de temática homoerótica a que assisti, em julho e agosto, me fizeram pensar em como o tema vem sendo abordado pela sétima.
o primeiro que vi foi um filme tolo, talvez uma das tolices mais inócuas e inermes já produzidas. jovens pseudo-surfistas e pseudo-heróis numa pseudo-califórnia quente, tediosa e sem violência se entregam à lascívia do amor guei. lindos rapazes, corpos sarados, roteiro vazio. primeiro amor em filme guei é conto de phadas. trata-se de "Shelter" (2007), de Jonah Markowitz. os problemaços de alcoolismo do pai, da sassaricagem e irresponsabilidade da irmã dão ao protagonista ares de héracles moderno. pena não ter substância e nem de longe parecer um clássico do gênero. filme bonitinho, para um publicozinho recém guei, tudo inho, para uma tardezinha de um diazinho qualquer.


daí vi o brasileiro e com pinta de polêmico (nossa! aborda o insesto! e guei!!!!!). é necessário e urgente assistir a um filme tão polêmico, "Do começo ao fim" (2009), de Aluízio Abranches, pô, o cara tinha feito "Um copo de Cólera" (1999) e "Três Marias" (2002), filmes que pelo menos vão até onde este recente promete, do começo ao fim. o filme guei e insestuoso do abranches não vai a lugar nenhum: é insípido, inodoro, por vezes incolor e totalmente ausente de conflito, ou de desenvolvimento do conflito suscitado, narrativa linear, interpretações metidas à besta, com pose de estamos discutindo algo sério, para nada, literalmente nada. pergunto-me somente uma coisa: só existem gueis lindos no mundo do cinema? pois é a única atração, belos rapazes se contorcendo e revolvendo suas partes para dar em parte alguma. outro desperdício de fotogramas...


aí, sim, vi um filme guei à altura dos grandes filmes heteros, trans, pãs, trhillers... "A Single Man" (2009), de Tom Ford, com Collin Firth (este um imenso ator) e Jullianne Moore (esta, uma p...atriz). filme conciso, preciso, discreto, charmoso, elegantérrimo como todo guei o é ou deveria ser. baseado em Christopher Isherwood, escritor inglês, naturalizado norte-americano que escreveu obras clássicas sobre Berlim (país que o atraiu por sua libidinagem e liberdade sexual), e que extraído de obra sua, já temos o belo "Cabaret" (1972), de Bob Fosse. "Direito de Amar", título totalmente incorreto, nada criativo e, por vezes, cruel para com o filme, ou melhor, "A Single Man" é um real filme guei, com sentimentos verídicos, interpretações viscerais, tomadas de câmera surpreendentes, belíssimas fotografia e direção de arte, enfim, um guei que dá vontade de escrever posts. Collin Firth, ator britânico dá uma dignidade ímpar ao protagonista, um desespero, uma angústia, uma solidão e uma autodestruição primorosamente interpretadas. o filme é limpo, mas no fundo é punk, um soco no estômago e não tem gueis lindos só para se desculpar...


estou com outro filme guei para assistir: "Die Konsequenz" (1977), de, pasmem! Wolfgang Petersen. promete ser o primeiro filme alemão realmente guei e ainda com um relacionamento entre homens de idades bem diferentes, também um precursor da chutada no balde (maravilhosa!) dada por Fassbinder logo depois. espero ver e senti-lo. este talvez seja para ser levado mais a sério!

(rodrigo maroja barata - set/2010)