sexta-feira, 8 de outubro de 2010

cinema e os duendes da morte



fiquei em estado de transe, o tempo estava lento e uma névoa pediu abrigo em minha alma. estes foram alguns dos sentimentos suicidas e delirantes que nutri ao ver "Os Famosos e os Duendes da Morte" (2009),de esmir filho. não sou muito de rasgar sedas por um filme. mas o silêncio e as frias paisagens me remeterema um estado de suspensão, de encantamento, onírico, etílico, marijuânico. já estou novamente pregando loas... o filme é uma espécie de manifesto dos tediosos e suicidas, não de párias, colonos riograndenses do sul, numa masmorra sem muros, numa desesperança sem par. filme que leva a crer no isolamento íntimo de seres os quais vivem áridas experiências e nuas passagens pela vida.



esmir filho tece uma narrativa quase sinestésica, gusvansântica (vide o enamoramento e enlevante atmosfera teen fortemente pautada e pontuada ao longo da película), um pouco amniótica, um tanto psicotrópica, com as imagens oníricas que o moleque protagonista tem da menina suicida e com a própria imagem do moleque, de rara beleza e sensualidade. a ponte é um dos sets mais incômodos que vi no cinema nos últimos tempos. ela é fantasmagórica e ao mesmo tempo um memorial aos sem vez, aos que se desnudam frente aos hipócritas. filme importante, urgente, simples, porém impiedoso e na contra-mão dos blockbusters espiritualistas e chatos que estão estourando as bilheterias nacionais. elenco afinado, trilha deliciosa e nostálgica, roteiro sensível. um filme de beleza imensa...

(rodrigo maroja barata - out/2010)

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